não significa um ajustamento suplementar à racionalidade do
desenvolvimento moderno. O âmago do conceito — o
4 princípio ético da solidariedade — guarda o imenso desafio
contemporâneo de assegurar a sustentabilidade da
humanidade no planeta, no interior de uma crise de
7 civilização de múltiplas dimensões interdependentes e
interpenetrantes: ecológica, social, política, humana,
étnica, ética, moral, religiosa, afetiva, mitológica...
10 A sustentabilidade do desenvolvimento é um problema
complexo, porque a sua essência está imbricada em um
tecido de problemas inseparáveis, exigindo uma reforma
13 epistemológica da própria noção de desenvolvimento.
A modernidade tramou-se no virtuosismo da civilização
europeia. As luzes da razão e do saber alimentaram o ideal
16 civilizatório, em oposição a tudo que representasse barbárie.
Aos olhos do colonialismo, a dignidade da existência do
bárbaro do novo mundo foi reconhecida, apenas, na sua
19 capacidade de incorporar-se às luzes da moral cristã, da
mentalidade capitalista e do racionalismo progressivo do
mundo industrial, em sua voracidade insaciável por recursos
22 naturais, cada vez mais distantes.
Paula Yone Stroh. Introdução. In: Edgard Morin. Saberes globais e saberes locais:
o olhar transdisciplinar. Rio de Janeiro: Garamond, 2000, p. 9-10 (com adaptações).
no texto acima.
desenvolvimento” (R.1) não significa um mero ajustamento,
pois o princípio da solidariedade é incompatível com o modo
de vida capitalista moderno.
14 Na linha 2, a obrigatoriedade do uso do sinal indicativo de
crase em “à racionalidade” deve-se à presença da preposição
a, exigida na complementação da palavra “suplementar”,
juntamente com o artigo definido que antecede o vocábulo
“racionalidade”.
15 Pela função que exercem no texto, os dois travessões nas
linhas 3 e 4 correspondem a duas vírgulas, e por elas podem
ser substituídos, sem prejuízo para a coerência ou para a
correção do texto.
16 Seriam preservados a coerência textual e o respeito às
regras gramaticais ao se escrever a oração iniciada por
“exigindo” (R.12) como uma oração desenvolvida iniciada
por que exigem.
17 O desenvolvimento da argumentação do texto mostra que
a estrutura linguística “tramou-se” (R.14) corresponde
a foi tramada.
18 Nas relações de coesão do texto, em “incorporar-se” (R.19),
o verbo está flexionado no singular porque o pronome “se”
retoma “novo mundo” (R.18).
19 Mantêm-se o respeito às regras gramaticais e a coerência na
argumentação ao se substituir “em sua” (R.21) tanto por na
sua como por com sua.
1 Diante das notícias atuais, pode até parecer natural
que cada um de nós vista algum tipo de couraça para se
proteger de tudo isso. E, assim, encouraçados e
4 amedrontados, vamos nos escondendo, nos encolhendo, antes
mesmo de enxergar as possibilidades de fazer o que temos
de fazer em conjunto, em comunidade, em companhia.
7 A desconfiança é um tipo de desnutrição mental. Falo da
atitude, crescente no cotidiano, que faz da desconfiança a
própria ambiência nas relações. Pode parecer natural, mas
10 não é aceitável. E, no fim, não serve de nada. O medo não
elimina perigo algum. Se o mundo é arriscado, esse fato não
será mudado por nosso medo ou desconfiança. E, muito
13 importante, não faria sentido vivermos, estudarmos e
trabalharmos em conjunto se não pudéssemos estabelecer
alguma — ou muita — confiança nas pessoas que estão
16 conosco nessa jornada.
Caco de Paula. Nutrição mental. In: Vida Simples.
Ed. 74, dez./2008, p. 78 (com adaptações).
linguísticas do texto acima.
20 De acordo com a argumentação do texto, o que faz a
violência das notícias atuais parecer natural, mas não
aceitável, é ter medo de aceitar que o mundo é arriscado.
21 O desenvolvimento das ideias do texto permite substituir-se
“Diante” (R.1) por Frente, sem prejuízo para a coerência
nem para a correção gramatical do texto.
22 Devido à presença do termo “cada um de nós” (R.2) como
sujeito de oração, o uso do pronome se, em lugar de
“nos” (R.4), preservaria a coerência e a correção gramatical
do texto.
23 Na linha 8, a forma verbal “faz” está flexionada no singular
porque o pronome “que” retoma, por coesão textual, o termo
“cotidiano”.
24 A organização da textualidade mantém a coerência entre os
argumentos, bem como o respeito às regras gramaticais, ao
se usar viver, estudar e trabalhar em lugar de “vivermos,
estudarmos e trabalharmos” (R.13-14).
25 A opção pelo uso do modo subjuntivo em “pudéssemos”
(R.14) sugere que, na organização dos argumentos, o texto
endossa a hipótese de que não é possível estabelecer a
confiança.